Um iPhone com uma garota fotografando o palco do show de Chitãozinho e Xororóilustra a capa do novo CD e DVD "Do Tamanho do Nosso Amor" da dupla. Essa é uma pequena parte de mais uma renovação musical dos sertanejos. Aos 43 anos de carreira e com 37 milhões de discos vendidos, os cantores uniram tecnologia, produção de Fernando - dupla de Sorocaba -, arranjos de música eletrônica, mixagem pesada a muitos jovens.
Em uma gravação na casa noturna Wood's – reduto da juventude que curte o "sertanejo chique"-, em São Paulo, Chitãozinho e Xororó decidiram fazer um registro diferente de um show e não tinham pretensões de gravar um DVD. Segundo eles, a emoção de ver os jovens cantando foi tão grande que virou o novo trabalho da dupla.
"Nunca tivemos a pretensão de atingir só os jovens. A gente sempre fez o que gosta e acredita. Gravamos o que a gente quer cantar e, felizmente, o nosso gosto vem batendo com o do nosso público", disse Xororó, que é fã de Ben Harper e John Mayer. Para o DVD, ele se inspirou em uma apresentação do guitarrista americano com o cantor country Keith Urban, de 46 anos.
"Tem a mesma captação de imagem e a mesma linguagem", explicou Chitãozinho. Ele é fã de Mumford and Sons, uma banda inglesa de folk rock, e da banda do baterista do The Killers, Big Talk – lançada em 2011 e que tem uma pegada de indie e country rock. "A gente está super antenado", brincou o irmão de Xororó.
As inspirações aparecem ainda na música nova "Nosso Amor é Assim", de Xororó e Victor Chaves, em que os arranjos de Mumford and Sons foram adaptados pelo músico Lucas Lima. Já a banda de Junior e o rapper C4bal fazem participação no hit "Vida Marvada", que fez sucesso com a dupla em 2003. O novo álbum tem também uma música que dá o nome ao DVD escrita pelo sertanejo Sorocaba.
"Esse é o momento de renovar o arranjo e trazer a nossa música para uma linguagem mais atual. Porque o som que toca no rádio é outro. O atual é esse som que lançamos agora. As pessoas que estão construindo o sertanejo são outras. E a gente percebeu que todos elas cantam tudo o que a gente fez até agora. E por que não cantar o que esse público gosta de ouvir?", explicou Chitãozinho.
"Somos os percursores do sertanejo atual"
De acordo com a dupla, a procura por desafios sempre foi a motivação para que eles continuassem a cantar. Desde 1984 com o álbum "Amante", Chitãozinho e Xororó resolveram readaptar a música sertaneja. Segundo Chitãozinho, eles foram muito criticados pela mídia e por conservadores.
"Começamos a trazer um show para uma plateia de muitos jovens. O pessoal que ia ver RPM, ia ver o Chitãozinho e Xororó também. Então, pensamos em fazer um disco com esse som de bateria e fizemos um álbum mais pop, um pouco parecido com o Roberto Carlos. O povo falou que deturpamos a música sertaneja e que saímos dela. Só que o disco vendeu, fez muito sucesso e outras duplas começaram a seguir a nossa estrada", relembrou ele.
Chitãozinho compara a situação pela qual a dupla passou na época com o atual "sertanejo universitário". "E agora está acontecendo tudo de novo. É uma reciclagem. Somos precursores desta forma que o sertanejo está hoje", finalizou.
Thays Almendra
Do UOL, em São Paulo