Movimento Brasil Livre e o 15 de março: tudo sobre o ato que reivindica o impeachment de Dilma Rousseff
Uma palavra de fazer tremerem os políticos ocupa as rodas de discussão no Brasil como não se via desde 1992: impeachment. A possibilidade de destituir Dilma Rousseff do cargo de presidente da República insuflou os ânimos de muitos brasileiros nos últimos dias. Em boa parte isso se deve ao esforço de um grupo, iniciado sobretudo por jovens, que estará em todo o país, já com adeptos e núcleos em vários estados, no dia 15 de março de 2015, reivindicando que essa possibilidade se converta em realidade. O Movimento Brasil Livre, ou MBL, é um movimento social que sustenta pautas de cunho liberal, e ganhou tal destaque recentemente, que foi mencionado em diversas matérias de periódicos nacionais e internacionais – como a The Economist, que faz menção ao grupo “fundado no último ano para promover as respostas do livre mercado para os problemas do país”. Pouco tempo, e o MBL já é notícia, e protagonista de um evento e uma sucessão de manifestações que podem fazer história. Reservamos este espaço no Instituto Liberal para apresentar, nas palavras de representantes do movimento, Renan Haas, Kim Kataguiri e Pedro Mercante Souto, em entrevista concedida esta semana, esclarecimentos sobre os propósitos do MBL e do ato do dia 15 de março, certamente de interesse de nossos leitores.
Comecemos pela origem do MBL. Qual foi o início, de quem foi a ideia original? Como tudo começou?
Começamos a trabalhar juntos no segundo turno das eleições, não como MBL, apenas como colegas. Decidimos fazer algo para impulsionar a campanha do Aécio. Produzimos um vídeo com o Danilo Gentilli mostrando um cenário futurístico em que a Dilma havia ganhado as eleições há quatro anos. O vídeo conseguiu mais de 31 milhões de visualizações, mas mesmo assim a Dilma venceu. Então marcamos a primeira manifestação no dia 1º de novembro, que ocorreu apenas em São Paulo, no MASP. Fomos rotulados de militaristas por causa de uma meia dúzia de pessoas que levantaram bandeiras pedindo intervenção militar, mas, apesar de apanhar bastante da mídia, sempre deixamos bem claro que somos um movimento liberal contra qualquer tipo de ditadura. Para a segunda manifestação decidimos criar um movimento, porque sentimos que o povo estava decidido a ir para a rua e várias pessoas ao redor do país se interessaram pelo que fizemos em São Paulo no dia primeiro. Então, no dia 15, fizemos em mais de 14 cidades pelo país e conseguimos juntar cerca de 10 mil pessoas só no protesto de São Paulo. Daí, o movimento definitivamente tomou forma, estabelecemos coordenadores estaduais pelo país, fizemos mais um protesto e um ato no dia 1º (de janeiro) com aviões por praias de todo o Brasil com os dizeres: “Petrolão: ela sabia”. Depois disso, aproveitando a onda do Movimento Passe Livre, que estava fazendo diversos protestos e havia organizado uma aula pública defendendo o passe livre, organizamos nossa própria aula pública defendendo a desregulamentação do transporte.
Qual o perfil dos organizadores do movimento no Brasil? Quem são as pessoas que aderiram e como foram se formando os núcleos iniciais fora de São Paulo? Esses primeiros membros foram, em sua maioria, vinculados a algum grupo ou organização?
Os primeiros membros não eram vinculados a nenhum grupo. Inicialmente organizamos os outros estados com amigos liberais nossos que simpatizaram com a ideia do movimento. Depois, diversas pessoas se interessaram pelo MBL e coordenamos a criação de filiais mantendo contato pela Internet com elas; mas ainda em 2015 pretendemos passar por diversos estados para conhecer todos os coordenadores pessoalmente.
Em que estados o movimento está mais adiantado? Temos núcleos por todo o Brasil articulando essas movimentações? Ainda há estados em que vocês gostariam de fazer um convite especial para que mais pessoas se juntassem, onde o processo ainda esteja muito no início?
Os grupos de São Paulo, Rio Grande do Sul, Alagoas, Rio de Janeiro, Brasília, Santa Catarina e Goiás são os mais desenvolvidos. Ainda temos dificuldade em articular o movimento em estados mais “dilmistas” do norte e do nordeste.
Qual a agenda ideológica básica do MBL? Qual o projeto? Com que Brasil os membros sonham, a que aspiram? A que o MBL quer chegar?
Não somos simplesmente um movimento anti-PT, como a mídia faz parecer. Temos propostas para um Estado menor, mais liberal. Queremos menos impostos, menos burocracia, privatizações, desregulamentações, queremos que o brasileiro possa trabalhar sem ser escravo do Estado.
É óbvio que o MBL não tem uma conotação partidária desde que surgiu. É sua intenção permanecer definitivamente assim: um movimento com pautas gerais, para mobilizar o povo brasileiro na luta por um Brasil mais liberal?
Nunca vamos nos tornar braço de algum partido, mas podemos apoiar parlamentares que sigam a cartilha liberal, independentemente de seu partido.
Como vocês se sentem diante do que conseguiram até agora? Surpresos com o alcance? A que acham que se deve? Talvez vocês tenham tocado em algo precioso, que o movimento em defesa dos princípios da liberdade começa a arranhar: a possibilidade de chegar até o povo brasileiro desvinculado dessas discussões e fazer disso um debate popular.
Esperávamos sucesso, mas não tanto. Acreditamos que ele se deve à nossa linguagem, pois, diferentemente de outros movimentos liberais, não nos focamos em debates teóricos, e sim nos meios mais eficientes de passar uma mensagem liberal simples que é aceita por todos os membros. Passamos nossa mensagem de uma maneira muito mais leve, menos professoral e mais popular.
De que forma o MBL se sustenta e financia? Os financiamentos e recursos obtidos até agora são suficientes para as atividades do movimento? De que maneira as pessoas podem colaborar?
O MBL se sustenta através de doações. Os recursos arrecadados nunca são suficientes, por isso os próprios organizadores tiram do bolso para financiar as ações. As pessoas podem colaborar doando através do Paypal. Nossa conta está disponível no site: movimentobrasilivre.org.
No dia 24 de fevereiro, aconteceu uma manifestação organizada pelo PT no prédio da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio, e um grupo de manifestantes convocados pelo MBL local esteve lá. Os veículos de imprensa noticiaram agressões. O que realmente aconteceu?
A mobilização começou no horário em que tinha sido marcada; de um lado, havia o nosso grupo, o grupo de quem estava contra aquele ato, e do outro o grupo que reunia gente do MST e afins que estavam lá a favor do PT. Logo no início do protesto, abrimos várias faixas e cartazes contra o PT e um grupo de militantes petistas veio arrancá-los das nossas mãos. Assim começou a discussão. O pessoal da militância do PT estava em número muito maior; gerou-se um conflito, houve agressão, o negócio começou a se inflamar por parte do pessoal do PT e o pessoal do MBL saiu.
Agora, a questão de interesse imediato: 15 de março de 2015. O que é? O que deseja, o que pleiteia, e por quê? Onde vai acontecer? Além do MBL, que outros movimentos e organizações, se os há, estão por trás da articulação?
Dia 15 é um protesto pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, que está sendo organizado pelo MBL. Outros movimentos participarão como convidados, mas não estão na organização. Vai acontecer em muitas cidades pelo país. A lista oficial está na nossa página no Facebook. (a lista oficial está também transcrita ao final desta entrevista)
Há figuras políticas ou artísticas conhecidas que tenham confirmado presença e manifestado apoio à bandeira do impeachment?
Marcelo Madureira, Marcel Van Hattem, Paulo Martins, os Bolsonaros; por enquanto, acho que são os confirmados.
Existe alguma ação publicitária preparada para divulgar o evento? Para aqueles interessados em participar, gostaríamos de algumas informações sobre a organização. Como será a segurança? Alguma instrução especial a fornecer a quem participará?
Esse foi o único evento com o qual não tivemos de nos preocupar com divulgação. O povo aderiu de uma maneira impressionante. A segurança será garantida pela Polícia Militar. Já acertamos a operação tanto com a PM quanto com a CET e a subprefeitura. Não há nenhuma instrução especial, basta comparecer e exigir o impeachment
.
Em todos os estados, esse acerto está garantido?
Sim, sem dúvidas.
Para encerrar, um “desafio”: em poucas palavras, por que Dilma Rousseff deve cair?
Porque, se destruir um país não é motivo para impeachment, o instrumento do impeachment em si nem deveria existir.
Cidades onde acontecerão protestos em 15 de março:
Apucarana – PR – Catedral – 15h
Arapiraca – AL – Praça Marques – 9h30
Belém – PA – Praça da República – 9h30
Belo Horizonte – MG – Praça da Liberdade – 15h
Blumenau – SC – Prefeitura Municipal – 16h
Brasília – DF – Congresso Nacional – 9h30
Campinas – SP – Largo do Rosário – 16h
Caxias do Sul – Praça Dante – 15h
Florianópolis – SC – Ticen – 16h
Fortaleza – CE – Praça Portugal – 10h
Goiânia – GO – Praça Cívica – 14h
Imperatriz – MA – Praça de Fátima – 9h30
João Pessoa – PB – Praça da Independência – 16h
Joinville – Santa Catarina – Praça da Bandeira – 16h
Juiz de Fora – MG – Parque Halfeld – 9h30
Londrina – PR – Concha Acústica – 15h
Maceió – AL – Corredor Vera Arruda – 8h30
Manaus – AM – Av. Eduardo Ribeiro – 9h30
Marabá – PA – Praça Duque de Caxias – 16h
Natal – RN – Midway Mall – 15h
Palmas – TO – Praça dos Girassois – 16h
Porto Alegre – RS – Parque Moinho dos Ventos – 15h
Recife – PE – Praia de Boa Viagem – 9h
Rio de Janeiro – RJ – Copacabana, posto 5 – 9h30
São Lourenço do Sul – RS – Prefeitura Municipal – 14h
São Luís – MA – Av. Litorânea – 9h
São Paulo – SP – MASP – 14H
Sorocaba – SP – Praça do Canhão – 16h
Teresina – PI – Av. Marechal Castelo Branco, Alepi – 16h
Tubarão – SC – Prefeitura Municipal – 16h
Vinhedo – SP – Portal – 15h
Vitória – ES – Praça do Papa – 16h
Sidney – Austrália – Martin Place – 16h
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