O chaveiro João Gomes, 52 anos, trabalha no terminal desde que foi inaugurado, em 1982. Lá se vão 32 anos no local, 15 deles atuando provisoriamente no mezanino, por causa das obras do metrô. Agora, mais uma intervenção, dessa vez de reforma da estação, vai mudar a vida de João Gomes.
Ele reclama da incerteza de promessas feitas pela concessionária Nova Lapa e pela prefeitura. Além de não ter um documento que garanta a volta ao terminal, desconhece o que fará durante os 12 meses pelos quais a obra se estenderá.
"A gente tem conta para pagar, tem filho, então desse jeito fica difícil", afirma à equipe de A TARDE, entre um atendimento e outro. "Não podemos ficar um ano a ver navios, parados". Além das questões levantadas pelo chaveiro, os custos dos boxes que serão alugados aos atuais permissionários também os preocupam. Segundo a costureira Rosenete da Anunciação, 49, os valores apresentados pela concessionária são altos.
A TARDE apurou, em conversa com permissionários e outras fontes, que o aluguel de um boxe de 11 m² custará R$ 1.800. Somado a isso, os licenciados pagarão mais R$ 360 de condomínio e 10% do faturamento obtido. Outras taxas, como R$ 2 mil de custo com arquiteto, também devem ser pagas pelos permissionários.
Contatada, a Nova Lapa não confirma os valores. O diretor de terminais da concessionária, Gilberto Menezes, afirmou apenas que "os valores variam de acordo com serviço ou produto que será oferecido no boxe, localização, etc. Segundo o gestor, "o valor (do aluguel) é muito próximo do que (os comerciantes) já pagam atualmente". O Sindicato dos Comerciantes da Estação da Lapa, por sua vez, informou que os valores atuais de aluguel variam entre R$ 700 e R$ 3 mil (caso das grandes lojas).
Entrega de boxes começa em setembro deste ano
O diretor de terminais do consórcio Nova Lapa afirma que os primeiros boxes serão entregues em setembro (antes do prazo de 12 meses estabelecido inicialmente na licitação), para evitar que os atuais permissionários fiquem sem trabalhar.Segundo o empresário, os comerciantes “não têm a garantia da volta, mas prioridade para alugar os espaços” que serão construídos. Gilberto Menezes garante ainda que os contratos de aluguel serão assinados pelos licenciados “nos próximos 15 dias”. Conforme ele, a burocracia impediu maior rapidez nesse processo.
Procurado pela equipe de reportagem de A TARDE, o secretário de Mobilidade de Salvador, Fábio Mota, disse que, nas reuniões do órgão com representantes dos comerciantes, nunca foi reivindicada a realocação para outra área da cidade. Segundo Mota, os permissionários almejavam continuar na estação, mesmo durante o andamento das obras, mas isso não foi possível, por causa da complexidade das intervenções e do risco de acidentes.
Fonte . atarde