Mick Fanning sofre ataque de tubarão na final de J-Bay, mas escapa ileso
Etapa quase acaba em tragédia. Tricampeão chega a ser derrubado da prancha por animal, mas é resgatado sem ferimentos. Final é cancelada, e Mineirinho segue líder
A etapa de Jeffreys Bay por muito pouco não termina em uma grande tragédia. O australiano Mick Fanning sofreu um ataque de tubarão ao vivo logo no início da final do evento, contra o compatriota Julian Wilson. O tricampeão mundial estava parado em sua prancha quando foi surpreendido pelo animal. Ele tentou se proteger com a prancha e afastar o tubarão com socos. Demonstrando um semblante de desespero, Fanning chegou a ser atingido no rosto e foi derrubado na água. Em determinado momento, o australiano sumiu das imagens causando grande apreensão. Logo depois, reapareceu tentando nadar para a costa.
O resgate agiu rápido. Uma lancha e dois jet skis da organização se deslocaram para a cena do ataque e socorreram os surfistas. Para alívio geral, Fanning saiu da água inteiro, sem ferimentos, assim como Julian, que havia surfado em direção ao amigo para tentar ajudar. Os tubarões chegaram a cortar a corda que prendia a prancha ao pé do australiano, mas não o machucaram.
Momento em que tubarão se aproxima de Mick Fanning durante final da etapa de Jeffreys Bay (Foto: Divulgação / WSL)
Já na lancha, mas ainda muito assustado, Fanning deu seu relato sobre o incidente:
- Era dos grandes. Eu estava sentado, parado e comecei a sentir algo ficar preso em minha perna e instintivamente eu pulei, tentando escapar. Mas ele começou a atacar minha prancha, eu comecei a gritar e socá-lo. Eu só vi barbatanas, não vi dentes. Eu estava esperando os dentes em mim. Chutei a traseira dele – disse Fanning, assustado, mas mantendo o bom humor.
inal é cancelada, e Mineirinho mantém liderança do ranking
Passado o susto, a organização da WSL se reuniu com Fanning e Julian e decidiu não realizar mais a final. Com isso, ambos ficaram com a pontuação de 2º colocado, e Adriano de Souza, o Mineirinho, seguiu como líder do ranking. Os dois australianos eram os únicos dos competidores a chegar nas quartas de final que poderiam passar o brasileiro na tabela, caso fossem campeões do evento.
Confira o ranking.Após o ataque, a bateria foi interrompida imediatamente. Havia pouco menos de quatro minutos de bateria dos quarenta previstos. Somente Julian havia pegado onda e liderava com 6.67. Por precaução e ainda apreensiva com o enorme susto, a organização da WSL a princípio adiou a disputa da final para segunda-feira. Horas depois, os dirigentes sentaram com os dois surfistas e chegaram ao consenso que o melhor seria encerrar o evento. Fanning havia chegado à decisão após vencer Kelly Slater na semifinal, enquanto Julian derrotou o compatriota Adrian Buchan.
- Temos regras e regulamentos para incidentes como esse. Aparentemente foram dois tubarões. Só vamos retomar a final assim que tivermos 100% de segurança para os surfistas competirem. Não só Mick, mas Julian também pode não estar se sentindo confortável em voltar para a água hoje. É a primeira vez que isso acontece na história do surfe profissional. Nunca tínhamos visto isso – disse o comissário adjunto da WSL, o brasileiro Renato Hickel, momentos antes de decretar o adiamento da final para segunda-feira.
Uma hora depois do incidente, Fanning voltou a dar entrevistas. Visivelmente abalado e com os olhos marejados, o australiano mal conseguia concatenar as frases.
- Estou tão aliviado, estou viajando ainda. Estou feliz por poder competir novamente, sair de lá bem... - disse.
Também assustado, Julian Wilson, em lágrimas, que estava na água no momento do ataque, se disse aliviado por nada de grave ter acontecido com Fanning:
- Eu vi tudo. Eu estava tipo "por favor"... Achei que o bote de segurança não chegaria a tempo. Só estou feliz que ele está vivo - desabafou Julian.
Litoral sul-africano tem histórico de ataques de tubarões
O litoral sul-africano abriga uma das maiores concentrações de tubarões brancos, presença frequente em praias como Jeffreys Bay. Os surfistas ficam com o alerta ligado. Em 2007, o australiano Mick Lowe se assustou ao ver um animal na competição, e, em 2003, o aussie Taj Burrow deixou a disputa com medo de um tubarão. No dia anterior, Strider Wasilewski, o repórter aquático da WSL, havia precisado deixar a água devido a presença de tubarões. Antes da etapa, o próprio Mick Fanning havia dito que nunca tinha visto tubarões na região e contou como reagiria.
- Eu já mergulhei com tubarões na costa de J-Bay em uma gaiola e aquilo foi selvagem, mas eu nunca vi nenhum no line-up. É algo que pode te enlouquecer se você pensar muito. Eu prefiro sempre seguir a minha intuição, se eu sentir o perigo, eu não fico dentro da água - disse Fanning, na ocasião.
No último mês, o bodyboarder Caleb Swanepoel, de 19 anos, perdeu a perna direita e sofreu lacerações na esquerda depois de um ataque de um tubarão branco em Buffels Bay. No dia anterior, o surfista Dylan Reddering, de 23, foi atacado, em Plettenberg Bay. No ano passado, um enorme tubarão branco foi visto em um dia de condições perfeitas em J-Bay, causando pânico entre os surfistas. O ex-top da elite mundial Daniel Ross, da Austrália, foi um dos primeiros a perceber a presença do animal. Após a debandada, o big rider Grand "Twiggy" resolveu voltar ao mar usando um "shark pod", uma espécie de "repelente" de tubarões. O dispositivo eletrônico emite ondas sonoras que afastam os predadores. O aparelho, utilizado por surfistas e mergulhadores, funciona em 90% das vezes, segundo testes realizados por pesquisadores da Universidade da Austrália Ocidental (UWA).
No último mês, o bodyboarder Caleb Swanepoel, de 19 anos, perdeu a perna direita e sofreu lacerações na esquerda depois de um ataque de um tubarão branco em Buffels Bay. No dia anterior, o surfista Dylan Reddering, de 23, foi atacado, em Plettenberg Bay. No ano passado, um enorme tubarão branco foi visto em um dia de condições perfeitas em J-Bay, causando pânico entre os surfistas. O ex-top da elite mundial Daniel Ross, da Austrália, foi um dos primeiros a perceber a presença do animal. Após a debandada, o big rider Grand "Twiggy" resolveu voltar ao mar usando um "shark pod", uma espécie de "repelente" de tubarões. O dispositivo eletrônico emite ondas sonoras que afastam os predadores. O aparelho, utilizado por surfistas e mergulhadores, funciona em 90% das vezes, segundo testes realizados por pesquisadores da Universidade da Austrália Ocidental (UWA).
Fonte g1