O Levi de hoje não tem nada daquele quando assumi a banda’, diz vocalista do Jammil - Juci Ribeiro

O Levi de hoje não tem nada daquele quando assumi a banda’, diz vocalista do Jammil

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Comemorando 18 anos na estrada, a banda Jammil, atualmente liderada pelo vocalista Levi Lima, inicia neste fim de semana o projeto “Vamos Ver o Pôr do sol” na Ponta do Humaitá, na Cidade Baixa de Salvador, que terá uma edição por mês até janeiro de 2016. A banda fará show acústico e gratuito neste domingo (13), a partir das 16h30, no local que foi cenário da gravação do DVD Jammil de Todas as Praias, produzido também em Maceió, que acaba de chegar às lojas pela gravadora Som Livre. Em entrevista ao Bahia Notícias, Levi Lima contou sobre o processo de criação do álbum e a relação da banda com a Ponta de Humaitá. Sobre o novo trabalho, ele comentou sobre os possíveis convidados, além das novas músicas e parcerias com artistas baianos. A banda pode surpreender com um projeto novo no Carnaval. Além disso, Levi fala sobre a possibilidade de seguir em carreira solo e o afastamento de Manno Góes do grupo. ‘Isso é um processo natural. O Jammil está com minha cara e eu também estou com a cara da banda. Eu vivia o Jammil de maneira externa. Essa bagagem construída foi através de Manno, Paulo Borges e toda equipe. Eu não tinha vivido isso. O Levi de hoje em dia não tem nada daquele de quatro anos atrás, quando assumi a banda’, disse. Confira a entrevista na íntegra.

O que motivou a escolha da Ponta de Humaitá para a gravação do álbum e esse novo projeto no pôr do sol? Você tem alguma relação com a Cidade Baixa ou com o público do local?

Essa relação vem sendo construída. A princípio, quando entrei no Jammil, meu empresário Paulo Borges falou que tinha vontade de fazer um evento no Humaitá, porque era muito lindo. Já estive lá com meu pai quando era criança, mas não lembrava direito. Fomos lá. Quando cheguei fiquei com a sensação que estava descobrindo um lugar novo em Salvador. Grande parte das pessoas conhece, mas o lugar não é tão frequentado por quem não é da Cidade Baixa. Pensei: aqui é poético, é inspirador, tem tudo pra se fazer um projeto. Como iríamos gravar o DVD, queríamos ter uma parte com esse conceito mais acústico, essa questão da poesia mais aflorada nas pessoas. E o Humaitá tinha tudo a ver com essa proposta. Gravamos em Maceió a parte mais elétrica e festiva, em Humaitá a parte mais intimista. Nesse processo de visitas técnicas, eu me apaixonei e comecei a frequentar realmente o lugar, já fui sozinho e com minha namorada. Agora vou até nas casas das pessoas da região, como Dona Celeste e Dona Cecília. Acabei criando um laço de amizade com os moradores, que me ensinaram muito sobre o local. De alguma forma, queríamos retribuir esse carinho e acolhida fazendo um projeto aberto ao público. É um ponto turístico que não é tão explorado nacionalmente, igual ao Farol da Barra e Pelourinho. Acreditamos que a Ponta do Humaitá tem a mesma relevância. Pra mim é o pôr do sol mais bonito de Salvador.
O projeto continua após essa primeira edição? Vai ter convidados?
A princípio, continuamos com o “Vamos ver o pôr do sol” até janeiro, sempre com uma edição por mês. Será um encontro para assistir o pôr do sol com trilha sonora. Além disso, vamos ter outras atividades em paralelo acontecendo, como a Feira da Cidade nessa primeira edição. Não teremos convidados nesse domingo (13), mas não descarto a participação de amigos queridos como Saulo e Tomate nos próximos. Temos uma sinergia muito especial.

O que o público pode esperar desse novo álbum? 
É um projeto híbrido. Ele tem tanto a capacidade de festejar com o som elétrico, aquela alegria característica do que é produzido na Bahia. Assim como as pessoas vão poder “degustar” a música em um ritmo mais tranquilo. São músicas para serem ouvidas no carro, em meio ao trânsito, ou em um churrasco. É um grande passo para a Banda Jammil. Estamos todos satisfeitos e apaixonados pelo trabalho.
Várias músicas do DVD são inéditas e de sua própria autoria. Como foi compor essas canções? Humaitá foi uma inspiração?
Tem uma música que eu fiz para Humaitá [em referência a música “Sublime”], uma parte inclusive fiz no local. Desenvolvi o texto, mas não completei. Em um determinado dia, fui a casa de Saulo e mostrei pra ele. Saulo trouxe uma ideia que se encaixou completamente. Outras canções eu fiz com o Ivo Mozart.
Tem composições do Manno Góes, entre clássicos do Jammil e inéditas. Assim como produções em parceria com Rubens Tavares e Thierry Coringa também.
Já pensou na aposta para o Carnaval?
Eu e meu empresário, Paulo Borges, estávamos ‘quebrando a cabeça’ para decidir qual seria. Temos uma predileta nesse momento, que se chama “Brindar a Vida”, gravada na parte feita em Maceió. É uma música alegre, com batida elétrica e percussiva.


O “Jammil de Todas as Praias” foi gravado no final de novembro e tinha previsão de ser lançado em abril, posteriormente agosto e agora setembro. Por que esses adiamentos?
Um dos motivos é o esmero. Tivemos muito cuidado com o que estávamos produzindo. Outra coisa foi conciliar o lançamento do álbum com o evento no Humaitá. Queríamos que os dois saíssem no mesmo momento. Além disso, teve questões estratégicas da Gravadora Som Livre. A gravação de uma versão da música “Você é Tudo”, que entrou como trilha sonora na novela” I Love Paraisópolis”, na parte dos extras do DVD também contribuiu.
Saulo é um dos convidados desse álbum e já esteve ao seu lado em outros momentos musicais, assim como Tomate. Há possibilidades de um projeto entre vocês três futuramente? 
Existe gostos musicais próximos, além da amizade. Agora eu preciso estar focado nesse projeto novo. Se as agendas se encaixarem, mais para frente, vamos fazer algo sim. Já conversamos sobre isso.




O que mudou com o afastamento de Manno Goés da banda? O Jammil é a cara do Levi Lima hoje? 
Isso é um processo natural. O Jammil está com minha cara e eu também estou com a cara da banda. Eu vivia o Jammil de maneira externa. Essa bagagem construída foi através de Manno, Paulo Borges e toda equipe. Eu não tinha vivido isso. Foi importante esse encontro e troca de aprendizagens. O Jammil já era conhecido, eu não era. Já cometi erros e acertos nesse processo. O Levi de hoje em dia não tem nada daquele de quatro anos atrás, quando assumi a banda. O Manno Goés deixou tudo muito livre nesse projeto. Ele respeita essa questão da criação. Ele não se afastou e não vai fazer isso futuramente, acredito. Continua acreditando e torcendo pelo grupo.
Alguns artistas e bandas do axé music estão se reformulando. No Jammil isso aconteceu por conta da tão comentada ‘crise do axé’ ou é algo mais relacionado à personalidade?
Isso daí não tem ligação com crise do Axé. Mesmo se o ritmo estivesse no seu melhor momento, é responsabilidade do artista estar sempre se renovando com informações novas e fazendo experiências com novos ritmos musicais. É curiosidade e vontade de fazer música. 
Outros artistas do axé já abandonaram suas bandas para seguir em carreira solo, você já recebeu alguma sondagem para deixar o Jammil?
Nunca recebi nenhuma proposta. Não penso nisso. Hoje estou feliz no Jammil. Tenho vontade de fazer as coisas, me sinto bem fazendo o que faço. É o que vale. O futuro a Deus pertence.


Recentemente, soubemos que a banda estaria passando por um momento difícil no relacionamento entre os integrantes. Até que ponto isso seria verdade?
Não existe isso. Tenho um bom relacionamento com todos os outros integrantes.
Desde a chegada dos blocos sertanejos, o Carnaval de Salvador conta com a presença representativa do ritmo em camarotes e trios. O que você acha desse novo conceito ser incluso na folia? Isso contribui para a queda no investimento e interesse no axé? 
O Carnaval é uma festa democrática até certo ponto. Os artistas de outros gêneros sempre foram bem recebidos aqui. É uma festa que causa curiosidade e atrai atrações de fora. A abertura foi dada para que outros gêneros viessem trabalhar. Acredito que quando isso for considerado pelo coletivo como uma coisa que está ficando acima da nossa cultura - como foi feito em Pernambuco, um controle para ser preservado, considero válido. Mas que não seja feito com separatismo ou exclusão, apenas com equilíbrio. 
Os preparativos para o carnaval já começaram? Além do bloco Praieiro, existem planos de outros dias na folia?
Estamos avaliando propostas para tocar em camarote, além de shows fora da Bahia. Talvez exista a possibilidade de mais um dia de Carnaval em Salvador em um trio independente. Estamos resolvendo.
A banda tem um histórico de não tocar no circuito do Campo Grande. Por que isso acontece?
A parte do passado não posso responder. Não temos nenhuma objeção. Hoje nossa vaga é no circuito Barra/Ondina, mas surgindo uma possibilidade desfilamos na Avenida. Inclusive, pensamos em tocar no Carnaval dos bairros.

Fotos Juci Ribeiro 

Fonte BN


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