Órgãos públicos, comunidade e Jammil se unem no combate à pesca com bomba‏ - Juci Ribeiro

Órgãos públicos, comunidade e Jammil se unem no combate à pesca com bomba‏

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Órgãos públicos, comunidade e Jammil se unem no combate à pesca com bomba



Crime ambiental amplamente praticado na Baía de Todos os Santos, a pesca com uso de explosivos foi tema de encontro no final da tarde desta sexta-feira (27), na Ponta do Humaitá. A iniciativa da banda Jammil reuniu representantes de diversos órgãos públicos e da comunidade, que se comprometeram lançar uma ação conjunta nesse verão para combate a essa prática, que além de danos ao ecossistema marinho, traz sérios prejuízos ao patrimônio e risco de vida aos que utilizam explosivos para a pesca.

Participaram do encontro, além do cantor do Jammil, Levi Lima, e do empresário da banda, Paulo Borges; os representantes do Conselho Comunitário de Segurança Pública do Monte Serrat (17ª CIPM), Cecília Goveia Maron (presidente), Celeste Hermana Goveia (diretora) e Carlos Henrique Conceição Santos (diretor de eventos); o Capião-de-Corveta da Capitania dos Portos da Bahia, Ronald Domingues da Silva; o capitão Brandão, da Polícia Militar do Estado da Bahia; a técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); e os técnicos do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Arlene Oliveira e Lucas Sá.

Os moradores de Humaitá relataram que ao longo de anos, a prática da pesca predatória já resultou em danos a Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat, com uma imagem sacra destruída, rachaduras em paredes dos imóveis seculares e destruição de vidros e cristais. A Polícia Militar, Inema e Capitania dos Portos apresentaram suas ações de rotina na fiscalização ostensiva dessa prática, no entanto, admitiram que a erradicação da pesca com bombas depende de uma ação educativa, já que coibir a prática pontual, com até apreensões de explosivos e prisões, não é a solução definitiva para esse ato criminoso.

“Nossa intenção tem cunho educativo, pois a população não pode comprar o peixe, pelo crime ambiental e pelo risco à saúde. Queremos envolver os moradores e contribuir para que o combate à pesca com bomba se torne uma campanha”, afirmou o cantor Levi Lima.  E durante o evento, esse compromisso de lançar uma ação conjunta foi firmado entre os presentes, com início já neste verão.

“As leis existem, mas falta educação. O Jammil reúne multidões e juntos vamos passar essas mensagens, pra que as pessoas façam o que certo, sem ser apenas através da fiscalização. Cidade limpa não é a que mais se varre, mas a que menos se suja. O problema não é apenas do órgão fiscalizador, é do povo, que não faz sua parte”, alertou o capitão-de-corveta, Ronald Domingues da Silva, que apresentou ações desempenhadas através das campanhas, “Legal no Mar” e “Verão”, promovidas pela Marinha.

De acordo com o capitão Brandão, da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (PMBA), existe uma ação constante de educação, mas a fiscalização é um desafio, já que prática é registrada diariamente na Baía de Todos os Santos e os recursos do poder público, de pessoal e embarcações, são insuficientes para coibir a prática. “É uma luta de gato e rato. O trabalho maior tem que ser social e de conscientização, para que a próxima geração abandone essa atividade. Os bombistas não são pescadores, pois o pescador é aquele que se preocupa com a sustentabilidade de sua atividade”, explica.

Outros fatores foram apontados pelo capitão como complicadores para a efetiva punição dos criminosos: o curto tempo entre o explosivo detonado e a coleta dos peixes (que dura cerca de 12 minutos, e exige uma ação imediata da polícia); a tipificação do crime (como de menor potencial ofensivo), o que limita a punição dos acusados, já que flagrantes são raros na prática da pesca predatória com bombas. “Além do crime, precisamos alertar a comunidade para que não compre os peixes, eles não são de boa qualidade”, afirmou o capitão Brandão.

O Inema informou que, apesar do volume de demandas referentes à outros crimes ambientais e queimadas, desenvolve uma ação ostensiva durante 15 dias do mês no monitoramento da Baía de Todos os Santos e combate à pesca com bomba. “Temos um serviço de denúncia, mas nossa ação não é imediata. Temos operações 15 dias no mês, com equipe em campo. Saímos 4 horas da manhã, percorremos toda a Baía, alternando os locais. Quando conseguimos pegar o bombista, a gente leva para a delegacia e lá e feito o termo circunstanciado, apreendendo o pescado, explosivos e embarcações”, informou a técnica Arlene Oliveira, que destacou a participação da Polícia Civil nessas ações periódicas. Lucas Sá disse que até um helicóptero é utilizado na fiscalização do órgão estadual e acrescentou: “Recebemos denúncias da população, encaminhadas pelo Ministério Público, pela Prefeitura Municipal e pelo Ibama. É um esforço feito ininterruptamente durante o ano.

A iniciativa da banda, que levantou a bandeira do meio ambiente na terceira edição do projeto “Vamos ver o pôr do sol”, que acontece neste fim de semana na Ponta do Humaitá, foi destacada pela comunidade. “O projeto ‘Vamos ver o pôr do sol’ ainda terá algumas edições e já vejo grandes conquistas. Quero expressar nossa gratidão ao Jammil, que está educando através da música. Vocês trouxeram pra gente o que estamos precisando, a educação e o respeito”, disse Cecília Maron. Já a diretora do Conselho Comunitário, Celeste Hermana, ressaltou o trabalho conjunto em prol de Humaitá: “Meu bairro existe e temos que combater o que está errado, trabalhar com a polícia e a comunidade mostrando nossas falhas. Vamos unir a parte militar e civil e formar um núcleo para atender as necessidades da comunidade. Vamos encontrar uma solução através do trabalho educativo”.

PROJETO DO JAMMIL

Ainda na tarde desta sexta-feira, o cantor do Jammil, Levi Lima, participou do plantio de um jardim, na Igreja Nossa Senhora do Monte Serrat, em parceria com a Secretaria Cidade Sustentável, da Prefeitura Municipal de Salvador. Neste sábado (28), o projeto Vale Luz Coelba continua no Humaitá, das 9h às 11h30, quando os moradores poderão trocar material reciclável por desconto na conta de energia.

Durante o final de semana, o público que visitar esse belo cartão postal de Monte Serrat poderá aproveitar ainda a Feira de Arte e Flores, que estreia no local, com gastronomia, oficinas com utilização de material reciclável, artesanato e venda de diversas espécies de plantas. O projeto Tamar estará presente, com um stand voltado às ações de preservação da fauna marinha.

No domingo (29), a programação do projeto do Jammil contará com uma ação de conscientização, batizada de “Praieiro Cidadão” no trecho da praia de Boa Viagem, próximo ao Forte de Monte Serrat. Agendes da Limpurb e uma equipe liderada pelo Jammil irão percorrer a faixa de areia, recolhendo lixo e conversando com frequentadores das praias sobre o descarte consciente e reciclagem.

Ao final da tarde, Humaitá volta a ser palco do show acústico e gratuito da banda Jammil, com repertório especial, com novas canções que fazem parte do DVD Jammil de Todas as Praias, gravado nesse cenário rico em belezas naturais da capital baiana. O grupo sobe ao palco a partir das 16h30, para saudar o pôr do sol e celebrar a terceira edição do projeto, que será encerrada na segunda-feira (30), com a ação de mergulhadores voluntários do Fundo da Folia, recolhendo lixo no mar da região.

O projeto “Vamos ver o pôr do sol”, com datas confirmadas até janeiro do próximo ano, conta com a parceria do Conselho Comunitário e Social de Segurança Pública do Monte Serrat (17ª Companhia Independente da Polícia Militar), do Clube de Iates Itapagipe, do Mosteiro de São Bento, além do apoio do Ministério da Cultura, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan),  Secretaria de Turismo do Governo do Estado da Bahia e da Prefeitura Municipal de Salvador.







FOTOS: FELIPE SOUTO MAIOR / DIVULGAÇÃO 

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