No atual contexto, coerente com a proposta educativa, é preciso investir na relação entre educador e educando, estruturando-a no respeito ao outro e ao saber do outro, ambos sujeitos do processo. Isto porque, já que ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo.
Ao educador cabe partir do contexto do educando no mundo, de seu lócus de atuação e vivência, para juntos caminharem na superação do conhecimento comum para o conhecimento crítico.
Esse entendimento parte da compreensão acerca do pensamento de Freire, que sinalizou o ser humano como sujeito no processo educativo, autor de sua história no mundo histórico e cultural. Dessa forma, as relações entre educador e educando devem ser pautadas no respeito à diversidade dos alunos e à aprendizagem em permanente diálogo com o diferente. Contudo, respeitar não significa manter cada um com seu saber. Uma proposta de educação inovadora considera cada indivíduo com o seu saber prévio, mas que, na relação com o outro, este se torne um saber crítico.
Assim sendo, é possível considerar que as relações entre educador e educando permeiam a base da proposta educacional freireana, com vistas a um olhar crítico da realidade e, consequentemente, para a sua transformação. Nesse sentido, a parceria entre os sujeitos do processo educativo é fundamental, pois é a partir daí que cada um será capaz de escrever sua história individual, como elemento importante na organização das classes sociais e educativas. Portanto, o educador torna-se parte essencial na construção do apoio às comunidades em que atua.
Ainda que não tenha plena consciência disso, o educador é um espelho para os educandos, e a sua postura influencia sobremaneira na receptividade de quem
aprende. E, nessa trajetória, é possível também perceber o estudante de forma ampla, como ser dotado de angústias, receios, desejos e emoções diversas. É, portanto, tarefa do educador facilitar o processo de construção do conhecimento, ajudando o educando a superar os obstáculos do percurso, a quebrar paradigmas e modelos engessados, oriundos de uma postura tradicional, que não abre espaço para o novo.
Por diferentes meios, e educador deve atuar como provocador, estimulando a criação de pontes, no lugar de abismos. Mas isso só é possível através da sensibilidade na escuta, no estímulo à autonomia e à criatividade, observando e compreendendo os educandos em sua totalidade, com suas histórias de vida, seus sucessos e seus fracassos.
Dessa forma, torna-se premente a atribuição de um sentido novo às relações interpessoais na Escola. Por isso, urge a implantação do debate sobre a estrutura da educação contemporânea e a superação dos modelos meramente conteudistas e punitivos.
A conclusão a que se chegou foi que as relações no ambiente educativo apontam para um novo horizonte, de trocas e de abertura ao diálogo, de respeito e convivência harmônica com o diferente. Mas, para isso, a relação entre educador e educando precisa ser repensada e ressignificada, pois prescinde da responsabilidade dos sujeitos participantes.
Portanto, o sentido da relação entre educador e educando apoia-se na construção de vínculos afetivos entre os agentes do processo educativo, pautada em princípios de respeito, humildade, espera, coerência e desapego. Contudo, tal construção se fundamenta na abertura para o a aprendizado de lidar com o diferente, de conviver com as estabilidades e instabilidades da complexidade humana.
Fica, então, o entendimento de que as relações interpessoais precisam ser revistas e repensadas nos espaços educacionais, a fim de se promover a aceitação do diferente, a valorização daquilo que cada um pode oferecer, enfim, a construção de um ambiente em que o sujeito aprendiz se compreenda como ser dotado de inúmeras habilidades, as quais serão preciosas ferramentas de atuação no cenário da vida.
Maria Dolores Fiúza.👫👬
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