Coletivo baiano COATO estreia em São Paulo e traz projeto para Salvador em abril - Juci Ribeiro

Coletivo baiano COATO estreia em São Paulo e traz projeto para Salvador em abril

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por @jucirribeiro



Coletivo estreia peça no mês de abril em Salvador no Martim Gonçalves
Indicados em duas categorias – Revelação e Especial - no Prêmio Braskem de Teatro, pela obra Maçã, o Coletivo COATO se desloca até a cidade de São Paulo para experimentar as possibilidades de interdisciplinares entre o teatro/dança/música eletrônica  e as novas possibilidades de interação através da tecnologia. A ação, que faz parte do projeto “Fronteiras Ou Roda Gigante”, marca o início do novo processo criativo do grupo de artistas cênicos baianos, formado por ex-alunos da Escola de Teatro da UFBA.
De acordo com o performer e diretor dos dois últimos espetáculos do grupo, Marcus Lobo, ainda no processo de montagem do acontecimento cênico MAÇÃ, o Coletivo percebeu o desejo de trabalhar com a inclusão de novas mídias aplicadas a cena. “Elas foram tomando conta da encenação e quando percebemos o espetáculo estava recheado de espaços projetados e conectados”, recorda Lobo.
Mas, os efeitos mediados por computadores precisavam ser orgânicos, com novas possibilidades de fruição para o espectador que se dispõem a assistir. “A partir daí, focamos em entender como ocorre o diálogo entre teatro e a tecnologia, sem que nenhuma das linguagens perca a sua identidade, iniciamos as pesquisas para utilização das artes visuais como elemento primário da cena”, explica o diretor, indicado na Categoria Revelação.
“Fronteiras Ou Roda Gigante” nasce também do desejo de falar sobre o Outro e, mais ainda, sobre as relações que envolvem os limites de aproximação que se erguem entre um sujeito e o Outro. “Para ampliar o entendimento sobre este Outro de quem falamos, nos incluímos nessa roda para propor uma superfície d eventos onde possamos olhar nos olhos e se perceber como um espelho do outro, onde esse outro é parte do organismo pulsante que emerge na cena”, pontua Lobo.
O projeto, que se configura numa residência artística, foi aprovado no Edital de Mobilidade Artística da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia ano 2016 - 2017 e possibilitou a viagem de 4 integrantes do grupo mais a artista pesquisadora Ivani Santana (G.P Poéticas tecnológicas - BA), para uma troca de saberes com o Rubens Velloso e Marcos Azevedo, do PHILA7, em São Paulo
Temporadas
Como parte da programação da residência artística, o Coletivo cumprirá uma pequena temporada no Teatro Centro da Terra, na capital paulista, de 07 a 16 de abril e, a temporada faz parte da mostra de experimentações em processo. Em seguida, já em Salvador ministrará uma oficina para os interessados em entender e experimentar as relações entre corpo/presença/vídeo e mediação tecnológica.
Em Salvador, a nova peça ainda sem nome definido tem estreia marcada para 28 de abril, no Teatro Martim Gonçalves, e traz para discussão a permissividade de aproximação que existe entre os sujeitos e como o “Outro” torna-se potencial criativo capaz de alterar o estado coletivo. A ideia é levar para Salvador um espetáculo interdisciplinar, que transita entre a performance, dança, música, visuais e tecnologia.
“O trabalho que vamos apresentar, gostamos de chamá-lo de Superfície de Eventos, ao invés de espetáculo. A superfície de eventos contempla mais essa integração de outras artes e propõe um espaço propicio ao novo, ao olhar no outro, desse outro que vem a cada noite trazendo o novo. O público que vai nos assistir é um criador em potencial, portanto temos que considerá-lo como tal. Falar do outro é falar de si mesmo".
“Nesse trabalho percebemos o outro como uma singularidade desejaste, termo que tomamos emprestado do Rubens Velloso. Se o nosso desejo é perceber as fronteiras que existem entre mim e o Outro, eu preciso considerá-lo como parte do jogo, uma singularidade desejaste que se dispõe a estar ali e, portanto, merece ser objeto dos olhares”, explica o diretor do espetáculo Marcus Lobo, indicado na Categoria Revelação do Prêmio Braskem de Teatro, pela direção do espetáculo Maçã.
Além disso o trabalho aborda questões de liminaridade, propondo um espaço propício de reflexão e espelhamento com as diversas fronteiras territoriais - físicas, orgânicas, sociais e relacionais -, que se erguem dia após dia e apenas o Outro é capaz de percebê-la e detectá-la dentro da sua rotina. 

 A atriz e performer do coletivo, Simone Portugal, fala que a cultura Digital tem nos rodeados por toda parte e que não há como não considerar que na contemporaneidade o público é conectado. “Entendemos as relações são carbônicas (relação física, que possibilita o toque) e silício  (relações mediadas por telas, internet, rede, computadores), que formam um único plano espacial onde vive e transita o sujeito contemporâneo, que perde cada vez mais as particularidades do “Eu” e se torna “Nós”, conectado e mutável ”.
Ao perceber isso, o desejo do coletivo de falar sobre as fronteiras do “Outro” ganha mais uma abordagem. “As fronteiras que são rompidas através do advento da tecnologia/internet. As fronteiras materiais podem determinar os limites de trânsito entre os comuns, demarcando terras, erguendo muros. Mas, a internet é uma ferramenta capaz de abrir janelas entre os espaços, projetar a sua voz, sua presença carbônica, em qualquer superfície silício onde a rede é capaz de alcançar, estamos falando de telepresença, de encontro, de troca, de olhares, de percepção da nossa singularidade dentro de um composto orgânico coletivo no qual vivendo".
Grupos
O PHILA7, que tem 11 anos de estrada, é reconhecido mundialmente como pioneira no estudo da “imagem e da tecnologia como ferramentas para o desenvolvimento de novos caminhos para as artes cênicas”. Os principais trabalhos são A Verdade Relativa da Coisa em Si (2005), Play on Earth (2006), WeTudo DesEsperando Godot (2009), Profanações (2010).
Durante o processo criativo, os integrantes do COATO foram abraçados pela Oficina Cultural Oswald de Andrade, espaço de experimentações artísticas sediado no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, que contém várias salas de ensaio e espaços alternativos para apresentações de dança e teatro. Foram 50 dias de ensaios e experimentações intensas para a montagem de “Fronteiras ou Roda Gigante”.
Coletivo
O COATO nasce em 2013 após a aprovação de um projeto no Edital Territórios Culturais, que resultou na montagem do espetáculo “Estrelas Derramadas”, que foi apresentado apenas na região do Piemonte da Diamantina, interior da Bahia.
O último trabalho do COATO, o acontecimento cênico MAÇÃ, que estreou em maio de 2016, rendeu ainda outra indicação na Categoria Especial, do Prêmio Braskem de Teatro, pela preparação corporal conduzida por Danilo Lima e Uerla Cardoso.
O segundo trabalho do coletivo “Arquivo 64/15 - Porões da Ditadura” tem temporada de circulação pelo interior do Estado garantida para o segundo semestre de 2017, fruto do edital de Territórios culturais da SECULT.



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