O amor em tempos de conectividade - Juci Ribeiro
por Juci Ribeiro


Uso das redes sociais tem impactos sobre relacionamentos, que podem ser benéficos ou causar dificuldades
Facebook, Whats App, Instagram, Tinder e muito mais. O que não falta, após a disseminação das redes sociais, são formas de se comunicar e até de buscar um relacionamento. Toda essa conectividade impacta de várias formas as relações e o comportamento das pessoas. Segundo o psicólogo da Holiste, Cláudio Melo, um dos principais problemas relacionados ao uso das redes sociais é a falta de privacidade provocada pela superexposição causada pela ferramenta.
“Todo mundo pode ver suas fotos (mesmo que sejam apenas seus ‘amigos’), ler seus comentários, deixar comentários nas suas postagens, postar conteúdos em sua página e mais uma porção de possíveis interações disponíveis. Deste modo, conversas que antes aconteceriam de modo reservado, pessoalmente, as quais o conteúdo ficaria restrito apenas aos presentes naquele momento, acabam tomando grandes proporções e gerando desgastes no relacionamento”, pontua o profissional.
Esta superexposição, porém, realmente acontece, mas não pode ser considerada a vilã dos relacionamentos, segundo Cláudio. “Antigamente, quando não existia rede social, o que acontecia quando o casal estava em crise? Ambos começariam a sair mais, estabelecer novas relações, sair para outros lugares sozinhos, e isso também era motivo de briga, de discussão. O problema de hoje é que estas coisas ficam muito mais na cara. Não é a rede social que causa o problema; o problema é como as pessoas a usam”, avalia.
Por que você não responde?
Quem nunca leu ou escreveu essa pergunta para alguém? A possibilidade de comunicação imediata e de forma constante traz muitos benefícios e encurta distancias, mas também pode gerar alguns problemas e alimentar inseguranças.
“A forma compulsiva da troca de mensagens nas redes sociais modificou a relação das pessoas com o tempo e o espaço.  Você manda uma mensagem: se a pessoa não responde você fica angustiado, acha que ela não está ligando para você, está te rejeitando. Às vezes a pessoa não pode responder”, aponta.

Proximidade ou distanciamento?
As redes sociais podem, em vez de ser um elemento de melhora na comunicação, se tornar um motivo de distanciamento. Isso porque o virtual pode ser usado como substituição do contato pessoal, da conversa cara a cara até mesmo dentro das famílias e nos relacionamentos afetivos.
“Às vezes você utiliza uma ferramenta para aproximar um pouco mais, mas às vezes, realmente, você passa a substituir uma coisa pela outra. Isso dificulta as relações imediatas, a relação direta com o outro”, analisa.

Facebook, facebook meu...
Cláudio Melo também ressalta o caráter narcísico das relações nas redes sociais. “Tem esta questão de ser uma sociedade narcísica e imediatista. As pessoas querem aparecer, mostrar que estão bem de vida, mostrar que ela faz isto ou aquilo outro. O Facebook e o Instagram têm este lado muito narcísico. Esta coisa da autopromoção, do campo do narcisismo. Muitas destas mensagens é para você mesmo”, considera.

Como encontrar o equilíbrio?
O psicólogo afirma que não existe uma receita para a boa utilização das redes sociais, isso vai depender de cada indivíduo: “Cada um vai desenvolver sua própria estratégia e todos nós, em sociedade, temos que desenvolver alguma ética, algum respeito mínimo. Isso vai levar um tempo ainda, até aprendermos a usar as redes sociais. Penso que as pessoas vão terminar se adaptando, a sociedade vai se adaptar. Não é uma coisa que preocupa, ou de pensar que a sociedade está perdida por causa das redes sociais”, pondera.
Para casais que utilizam a rede e querem evitar conflitos, Cláudio ressalta a importância da privacidade de cada um, do respeito à individualidade na relação à dois. “Nós temos esta necessidade do particular, do individual. O grande problema das redes sociais é esta coisa de você querer compartilhar com namorada, marido, etc. Você tem que ter seu espaço de individualidade, tem que reservar um espaço para você falar com as pessoas, só com seus amigos, fazer coisas sozinho”, conclui.


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Foto Divulgação

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