“Titus– Uma reverberação da obra de Shakespeare” estreia dia 08 de junho - Juci Ribeiro

“Titus– Uma reverberação da obra de Shakespeare” estreia dia 08 de junho

Compartilhe
Por Juci Ribeiro


Espetáculo utiliza recursos do cinema amador Trash para atualizar a obra mais trágica do dramaturgo inglês

Serviço
O quê: Titus – Uma reverberação da obra de Shakespeare
Quando:08, 09 e 10 de junho; 21 e 22 de junho; 28, 29, 30 de junho e 01 de julho (quinta a sábados, 20h; e domingo, às 19h)
Onde: Teatro Martim Gonçalves – Avenida Araújo Pinho, 292 - Canela
Ingresso: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

Inspirada na obra “Tito Andrônico”, o espetáculo “Titus – Uma reverberação da obra de Shakespeare” estreia no próximo dia 08 de junho, no Teatro Martim Gonçalves, às 20h. Esta montagem é uma pesquisa em processo que revela aspectos contemporâneos a partir da leitura da obra original inglesa.
Dirigida por Marcus Lobo e com uma dramaturgia escrita coletivamente pelo diretor e atores, esta reverberação busca mostrar as similaridades e a atualidade desta tragédia shakespeariana: “Jogos de poder, armações, golpes, violência, corrupções, vingança, vingança e mais vingança”.
A tragédia nos apresenta uma Roma em decadência, que acaba de perder seu Imperador, Cesár. “Roma esta descabeçada e a liberdade devemos defender com a nossa escolha”. Os dois filhos herdeiros ao trono duelam pelo poder. Práticas abusivas de corrupção são colocadas em cena e o senado decide eleger um novo governante de forma indireta, contrariando a constituição. Qualquer similaridade é mera coincidência.
As campanhas seguem e o senado chama Tito Andrônico, general do exército que acaba de voltar de uma guerra contra os godos, para governar o Estado. Conservador, Tito não aceita a decisão e toma diversas atitudes que mudarão completamente o rumo da vida de todas as personagens. Uma grande guerra de vinganças se instaura nas terras romanas, e por consequência disso, jorra muito sangue.
A reverberação, uma iniciativa da REVERBE - Território Cênico em parceria com o Coletivo COATO, traz para cena o arquétipo de seis personagens Aarão, Tito, Tamora, Lúcio, Saturnino e Lavínia. Nessas personagens, a obra imprime todas as violências presenciadas pelo povo de Roma.
Esta reverberação conta através da linguagem cinematográfica as corrupções, golpes, estupros e vinganças que acontecem neste acontecimento cênico. O cinema amador Trash, que estourou na década de 80 no Brasil, é a poética utilizada para rasurar realidade e ficção, as desgraças, questionar as mortes, causas e consequências.
“A violência em Tito Andrônico se torna uma metáfora para todas as cabeças que rolam diariamente, todos os corpos esquartejados que somos obrigados a ver nas redes sociais. Optamos pela banalização da violência e não uma demonstração gratuita do sangue que costuma jorrar nas montagens anteriores dessa mesma obra”, descreve Marcus Lobo. 
Apesar de ter sido escrita no século XVI, a obra se mostra cada vez mais atual e necessária. A história da antiga Roma reflete diversas repúblicas atuais, nos fazendo ampliar os signos contidos na dramaturgia de Shakespeare, questionar as atitudes de algumas personagens, subverter as escolhas e resinificar alguns papéis.
William Shakespeare é um dos autores mais montados no mundo, mas esta obra caiu no esquecimento por muito tempo. “Possivelmente, pelo fato de ser a mais fiel na representação da podridão que era a Antiga Roma, ou pela obra ser aparentemente inacabada, cheia de brechas para serem preenchidas pelos criadores”, pontua Lobo.
“Talvez por colocar em cena uma mulher sendo estuprada e mutilada pelos dois filhos da Imperatriz. Ou por ela ser realmente uma obra tão complexa que não devesse ser mexida. Mas, essa é nossa escolha, mexer nessa obra, ou pelo menos, tentar”, reflete a atriz Natielly Santos.
Titus – Uma reverberação da obra de Shakespeare se propõe a lançar-se num diálogo expositivo e não pretende ter as respostas prontas. O elenco é composto por Breno Fernandes, Genário Neto, Mari Gavim, Natielly Santos e Victor Fernandes.
Misturando composições militares e arranjos musicais contemporâneos – música eletrônica, rap, pagode – o espetáculo conta com direção musical de Cassius Cardozo, e a Preparação Corporal de Érico José. Já o figurino ganha um desenho mais moderno pelas mãos de Guilherme Hunder. O cenário e iluminação são concebidos por Marcus Lobo.


Moda e Estilo

publicidade