80 negócios de antiguidades, artesanato, artes visuais, moda e gastronomia estarão entre os expositores. Apresentações artísticas completam a programação.
O Centro Histórico de Salvador recebe, no dia 15 de setembro, a primeira edição da Feira da Sé. O evento vai reunir expositores de todo o estado, nos segmentos de antiguidades, artes visuais, artesanato, moda, colecionáveis e gastronomia, na Praça da Sé. O objetivo é fomentar a ocupação do espaço público, dinamizar a economia local, incentivar o lazer e o turismo e integrar o Centro Histórico à cidade.
Dados da última edição do estudo “Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil”, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), indicam uma participação expressiva da indústria criativa na economia do país, tendo contribuído com 2,64% do PIB brasileiro, em 2015. Só neste ano, de acordo com o estudo, o setor gerou uma riqueza de R$ 155,6 bilhões para o país.
Isso demonstra que negócios criativos tem cada vez um papel mais expressivo no desenvolvimento das economias. Diante disso, o Instituto ACM de Ação, Cidadania e Memória, organizador da Feira, acredita que, para além de um evento, a Feira da Sé que irá reunir cerca de 80 negócios criativos nas áreas de artesanato, artes visuais, colecionáveis, moda e gastronomia, possa se tornar um projeto contínuo, contribuindo para o fomento da economia e para a valorização da identidade local.
“A realização da Feira da Sé vem se unir às estratégias do Instituto ACM de promover e apoiar projetos e ações em prol da preservação e revitalização do Centro Histórico, numa perspectiva mais moderna e de aproximação e inclusão junto à cidade. Nossa meta é que o evento se consolide no calendário soteropolitano e movimente as áreas cultural e econômica”, explica Claudia Vaz, Diretora Executiva do Instituto ACM.
O objetivo é que este primeiro evento seja um estímulo para que os expositores se reúnam e passem a realizar a feira periodicamente, a exemplo das feiras de rua que são tradicionais em grandes cidades do mundo, como Londres, Berlim, Roma, São Paulo e Porto Alegre. “A partir da primeira edição, o objetivo é dar início às discussões para criação de uma associação constituída por representantes dos expositores, do poder público, da sociedade civil e da comunidade para garantir a continuidade da Feira e para que ela se torne um negócio autossustentável, estimulando a economia colaborativa”, complementa Claudia Vaz.
Para realizar a primeira edição, o evento conta com o apoio de entidades diversas, como o Sebrae, Sistema Fecomércio, Sesc e Senac, da Prefeitura Municipal do Salvador, da Rede Bahia e dos estacionamentos Delta Parking.
Para o superintendente do Sebrae na Bahia, Jorge Khoury, a Feira vai contribuir para a cultura local. “Mais uma vez, o Sebrae apoia a participação dos artesãos baianos em um evento representativo, como a Feira da Sé. A iniciativa valoriza a cultura local e oportuniza a divulgação e a comercialização do artesanato de referência da Bahia, ação que faz parte da missão do Sebrae de promover a competitividade e o desenvolvimento dos pequenos negócios”, afirma.
Esse pensamento de incentivo também é compartilhado pela diretora regional do Senac, Marina Almeida. “Como entidade que capacita pessoas para o trabalho, o Senac não poderia ficar de fora de um projeto como a Feira da Sé, que vai ser vitrine para dezenas de microempreendedores, além de mais uma opção de entretenimento que levará o baiano ao centro da cidade”, declara. E acrescenta: “vamos participar da Feira com serviços e produtos ligados ao segmento de moda e ao nosso Museu da Gastronomia Baiana”.
Referência mundial
A história das feiras de rua remonta à antiguidade, sempre sendo referências, nas cidades, para o comércio diverso e como ponto de encontro e socialização dos moradores e visitantes. Os formatos foram mudando e evoluindo ao longo do tempo, mas a essência das feiras de rua ou feiras livres se perpetuou como modelo de sucesso em várias cidades ao redor do mundo.
Uma das mais famosas acontece na capital britânica: é a Porto Bello Market, que acontece oficialmente aos sábados, mas, devido ao sucesso, funciona todos os dias, já que é possível encontrar ao longo da rua várias barracas, brechós e restaurantes.
Em Roma, aos domingos, funciona a Mercatto de Porta Portese, onde é possível encontrar antiguidades, livros, roupas, sapatos, acessórios, objetos de decoração e souvenirs diversos. Em Berlim, o ponto de encontro para jovens e famílias é a feira de Flohmarkt AM Mauerpark que, além dos expositores, reúne atrações para crianças, apresentações musicais e artistas de rua.
Na vizinha Argentina, destaque para a Feira de San Telmo que acontece aos domingos, em Buenos Aires. Especializada em antiguidades, colecionáveis, artesanato e objetos de decoração, já se tornou diversão garantida para os portenhos e passeio obrigatório para turistas.
Por aqui, uma das mais conhecidas é a Benedito Calixto que ocupa o bairro de Pinheiros, em São Paulo, aos sábados, desde 1987, com uma média de 320 expositores. Lá, é possível encontrar artesanato, roupas, móveis antigos, discos raros, arte e colecionáveis.
Em Porto Alegre, aos domingos, a Brique da Redenção traz expositores de artesanato, antiguidades, artes plásticas e gastronomia. Realizada desde 1978, foi decretada pelo governo do estado, em 2005, como patrimônio cultural do Rio Grande do Sul.
Mix de produtos
Diversos segmentos estarão em exposição na Feira da Sé, desde antiguidades até moda e gastronomia. Os admiradores das técnicas de crochê poderão encontrar bolsas, xales, porta-óculos, pantufas, capas para celular, cestas de pão, dentre outras peças, todas produzidas de forma manual, no stand da baiana Joana Kalil. Tendo aprendido a técnica aos sete anos de idade, hoje, com 40 , ela se dedica, há quatro anos, integralmente à comercialização dos produtos feitos em crochê. “Acho o projeto da Feira da Sé uma ideia fantástica. É uma forma de mostrar os artistas baianos, os talentos locais”, opina.
Aqueles que apreciam vinis vão encontrar diversas raridades nacionais e internacionais na Feira, comercializadas pelo colecionador Érito Dourado, há quarenta anos. Com vasta experiência em feiras de rua, dentro e fora do estado, ele promete levar discos de vinil de vários estilos: MPB, jazz, blues, rock. Seu acervo é composto por mais de dez mil vinis.
Quem também entende de raridades e marca presença na Feira é o comerciante de antiguidades, Adilson Lima, que trabalha nesse ramo há 14 anos. Na Feira, estarão em exposição diversos objetos e peças feitas de cristal, porcelana, biscuit e metal, como jarros, porta-joias, xícaras e jogos de café.
Moda sustentável é o conceito do brechó que desembarca na Feira da Sé, assinado pela empresária Graça Borges que, durante anos, foi um dos nomes por trás da São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do país. Nas araras, peças femininas assinadas por grandes estilistas, como Reinaldo Lourenço e Glória Coelho, entre vestidos, saias, shorts, camisetas, blusas e diversas outras peças em perfeito estado de conservação.
Os apaixonados pela Bahia e que desejam guardar recordações da terrinha em forma de foto, vão se encantar com os registros de Carol Dantas que atua como fotógrafa há dez anos. São imagens, em painéis e avulsas, de pontos turísticos da capital baiana, lugares famosos, como Farol da Barra e Farol de Itapuã e registros da cultura e história do Recôncavo Baiano.
Uma das mais tradicionais sorveterias da cidade, A Cubana leva seus sorvetes para refrescar os visitantes. Serão 14 sabores diferentes, como os tradicionais coco e chocolate, os de fruta, como morango, cajá, mangaba e pitanga. e também os mais novos: brownie, chocolate com avelã, queijo com doce de leite e amarena.