Pertencente a uma nova geração de mestres da arte popular brasileira, que inova pela linguagem e pelo estilo próprio, Marcos Paulo Lau da Costa - conhecido como Marquinhos de Sertânia - é um importante representante da escultura em madeira. Nascido em Sertânia, Pernambuco (1974), ele é oriundo de uma família de agricultores e artesãos. Marquinhos decidiu mudar a tradição de seus familiares que produziam utensílios domésticos e pequenas esculturas de boi e passou a retratar a aflição provocada pela seca, ao extrair da madeira figuras esqueléticas carregadas de dramaticidade e melancolia.
Uma de suas obras mais emblemáticas, o cachorro esculpido em madeira, nos remete à Baleia, a cadela de Vidas Secas de Graciliano Ramos. “Criei um estilo mais próprio, emagreci os personagens para dar mais sofrimento. Vivi tudo isso aí que coloco no meu trabalho. Já sofri com a seca, já ajudei minha mãe a carregar água na cabeça, meu pai era vaqueiro, já vi o gado morrer de fome”, conta. Marquinhos de Sertânia hoje sustenta sua família com o seu talento e criatividade.
As esculturas do artista, além da dramaticidade impressa, dão a impressão de estarem em constante movimento. “As pessoas lá de Sertânia achavam feio o que eu faço. Eu desproporcionalizava as coisas, mas eu gosto do desproporcional, da mesma forma como eu acho meu universo bonito. Claro que a seca é terrível, mas a caatinga é bonita. Uma vez me disseram que meu trabalho parecia com o de Portinari. Quando conheci os quadros dele vi que o que eu fazia ele também fazia”, conta. A obra dele já foi comparada também com a obra do artista plástico e escultor italiano Amedeo Modigliani.
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