Soropositividade é tema do solo TOMATEAMO - Juci Ribeiro

Soropositividade é tema do solo TOMATEAMO

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por Juci Ribeiro

Projeto ocupará três espaços públicos soteropolitano nos dias 29, 30 e 31 de maio

Com 17 anos de carreira artística teatral, do quais 15 são como profissional, o ator, cantor, diretor, produtor, dramaturgo e performer Luiz Antônio Sena Jr. apresenta o solo performátivo TOMATEAMO nos dias 29, 30 e 31 de maio, às 16h, em três pontos da cidade de Salvador: Praça Dois de Julho/ Largo do Campo Grande, Praça da Piedade e Praça da Sé, respectivamente.
A performance nasce da ideia de discutir questões atribuídas a comunidade LGBTQIA+, com foco na soropositividade, entendendo o espaço urbano como potência para inserir essas discussões no cotidiano das pessoas e de ativação de ações artísticas. A rua como lugar rico em narrativas. Esta ação é a terceira etapa do projeto É SÓ AMOR³, contemplado pelo edital Arte Todo Dia - Ano IV, Bairro a Bairro, da Fundação Gregório de Mattos - Prefeitura de Salvador.
“O TOMATEAMO é um ato em que a poética brota da cidade, na cidade, com a cidade. É uma poética que venho experimentando desde o Música de Quinta e o Ruínas de Anjos, espetáculos desenvolvidos em parceria com A Outra Companhia de Teatro, em que assumo a direção e provocação artística”, declara Luiz Antônio, ao acrescentar que o ato cruza teatro, dança e performance.
É a cidade e o encontro com as pessoas. É o debate in loco em que se irá esgaçar, tencionar a questão do amor, da morte e da soropositivade, com o objetivo de transformar o olhar do espectador, que também é agente da ação. “O TOMATEAMO vem para deixar na cidade uma rasura disso que é manchado, atravessado, que é alvo e que vai estar ali vivo como uma reflexão para a posterioridade”.
Sob a provocação do ator, bailarino e transformista baiano Anderson Danttas, que também é integrante d’A Outra Companhia, TOMATEAMO tem a seguinte pergunta “Como o amor pode ser um disparador de morte?”. Luiz Antônio quer contribuir para o esgarçamento do imaginário social de que a soropositividade é um problema da comunidade LGBTQIA+.
“Isso não é uma realidade. É uma questão de saúde pública que precisamos discutir, desconstruir esse tabu. É um debate que não é falado nem dentro da comunidade LGBTQIA+, nem na sociedade geral. Entendo que essa seja a grande potência: falar na rua, de modo poético e artístico. Deixar pessoas soropositivas no escuro é também uma forma de preconceito, de necropolítica”, defende o muliartista.
Terceira etapa do projeto É SÓ AMOR³, TOMATEAMO chegará aos pontos de encontro, com lambes em preto e branco e tomates prontos para serem atirados pelos transeuntes que decidirem. Sem uma dramaturgia definida, o ato é aberto, poroso, riscado, pronto para o inusitado e traz uma sequência de dispositivos que serão utilizados ou não conforme a interação da plateia.
O projeto É SÓ AMOR³ nasce com objetivo de discutir amor e morte. Atravessado por diversas linguagens artísticas, ele é baseado na arte documental. A primeira etapa foi a exposição urbana homônima, que, um dia após a colagem dos lambes, foi atingida por atos de vandalismo homofóbico, tema foco do trabalho.
A segunda fase foi o show #ComproVendoTrocoAMOR, que perpassa questões relativas ao amor - finalizações, partidas e das relações que se constroem e se desconstroem. A morte nesse lugar mais metafórico, mais simbólico.  Luiz Antônio Sena Jr. expõe que a performance é também “uma alusão ao que está ocorrendo política-socialmente no país”.
“Estamos na iminência da liberação do porte de armas e do tiro desportivo para jovens e adolescentes. Vamos colocar nas mãos das pessoas o poder do tiro. O que acontece frente a um corpo gay que se declara, que se expõe, que dança e indaga (Você é positivo?), tendo a possibilidade de lhe atirar? Até onde as pessoas estão abertas a dialogar nesse sistema agressivo, preconceituoso, machista, homofóbico que vem sendo alimentado pelo então presidente?”, questiona o ator.
O tiro é o tomate, o alvo é o performer em estado de metáfora frente as ameaças a cultura, a liberdade de expressão, aos direitos humanos, a educação, a saúde, a possibilidade de existir. E aí? Tomate, amo! Toma, te amo! Tô, mate, amo!

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