Tratamento depende da causa da disfunção,
que precisa ser investigada
Uma das maiores preocupações dos homens, a disfunção
sexual erétil, mais conhecida como impotência sexual, tem sido uma queixa cada vez mais comum nos consultórios dos urologistas. A incapacidade do homem de obter e/ou manter uma ereção, de modo a permitir uma atividade sexual satisfatória pode ter causas diversas
e, por isso, as possibilidades de tratamento são variadas. Os sintomas também mudam de um paciente para outro. Se em alguns, a dificuldade é conseguir manter o pênis ereto, em outros ela está relacionada à ejaculação ou ao orgasmo. A boa notícia é que para
quase todos os casos, o problema tem solução.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente
100 milhões de homens no mundo apresentam disfunção erétil. O número de brasileiros afetados gira em torno de 16 milhões. Na Bahia, os casos não são registrados porque, de acordo com Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), não se trata de uma doença de notificação
compulsória.
De acordo com o urologista Augusto Modesto, enquanto
alguns pacientes relatam uma demora para manter uma ereção duradoura, outros se queixam que, embora a ereção aconteça, ela não apresenta rigidez suficiente. Outras vezes, mesmo quando o homem obtém uma ereção adequada, pode ocorrer ejaculação precoce, que
é quando a saída de sêmen acontece antes, durante ou pouco depois da penetração, com mínima estimulação sexual. “Nem sempre o fato de não conseguir ter uma ereção conforme esperado significa que o homem tem disfunção erétil, mas se isso ocorre de forma frequente,
o ideal é consultar um médico urologista para uma avaliação adequada”, recomenda.
Causas
- O médico explica que as causas da impotência sexual podem ser psicogênicas ou orgânicas. As primeiras (ansiedade, depressão, estresse, medo, inseguranças e afins) são muito comuns em pacientes mais jovens. Já as causas orgânicas podem estar relacionadas
a problemas circulatórios e doenças crônicas (doenças cardiovasculares, diabetes, colesterol elevado e tabagismo); neurológicos, como doenças degenerativas, acidente vascular cerebral, tumores do sistema nervoso central e traumatismos; anatômicos ou estruturais
(alterações na anatomia peniana, como a doença de Peyronie); distúrbios hormonais (tais como a falta de testosterona, que diminui a libido e compromete a ereção, e disfunções das glândulas tireoide e hipófise); cirurgias prévias na pelve, na próstata e na
bexiga; radioterapia prévia; drogas (anti-hipertensivos, remédios para diabetes e depressão, quimioterápicos, antipsicóticos e uso de drogas como álcool, heroína, cocaína, entre outras).
Prevenção
- “Na maior parte dos casos, as doenças associadas
à disfunção erétil são passíveis de controle e tratamento. Ter atividade física regular, evitar consumo de álcool, tabaco e drogas ilícitas, alimentar-se de forma regrada e saudável são algumas chaves para a prevenção”, destacou Augusto Modesto. “Se não foi
possível prevenir e o problema já é real, o homem não deve se automedicar, para não correr o risco de agravar ainda mais o problema. É preciso procurar ajuda de um especialista”, reforça.
Tratamento
- O tratamento pode ser dividido em não farmacológico (aconselhamento psicológico e/ou psiquiátrico), farmacológico (medicamentos que induzem a ereção) e cirúrgico. Para quem precisa ser tratado com remédios, existem diversas opções que induzem a ereção ao
facilitar o fluxo sanguíneo para o interior do pênis. “Esses medicamentos podem ser administrados como comprimidos diariamente e/ou sob demanda antes das relações sexuais, ou por uma injeção direta no pênis. Ambos devem ser utilizados somente sob supervisão
médica e necessitam de estimulação sexual para obter resultado”, detalha Augusto Modesto.
Quando a causa da impotência está relacionada a baixos
níveis de testosterona, a terapia de reposição desse hormônio pode ser indicada.
Comumente realizada na forma de gel transdérmico, embora a administração via
injetável também seja possível, este tratamento tem o potencial de melhorar a função e o desejo sexual, além de aumentar a disposição, a sensação de bem-estar e a vitalidade do homem.
“Mas, atenção, a reposição de testosterona é contraindicada para pacientes com câncer
de próstata e pode trazer inúmeros riscos quando utilizada para fins estéticos (ganho de massa muscular, por exemplo). Infertilidade, ginecomastia (aumento dos seios), aumento do risco de embolia pulmonar e até a morte podem ser ocasionados pelo uso irresponsável
da testosterona, sem o devido acompanhamento médico”, alerta Augusto Modesto.
Em casos específicos ou mesmo refratários à terapia medicamentosa,
as opções cirúrgicas de próteses penianas podem ser uma opção, com resultados satisfatórios, melhorando muito a qualidade de vida do homem. É possível escolher entre próteses maleáveis (semirrígidas), articuláveis ou infláveis. “Este recurso só é indicado
quando o paciente tem contraindicações para outros tipos de tratamento ou quando ele já tentou de tudo e não obteve sucesso com nada ( falência clínica). Isso porque pode haver rejeição, infecção, falhas do mecanismo, não adaptação do paciente, e outras complicações
O mais importante é personalizar o tratamento, pois cada caso é único”, resumiu o médico.
Informações para a imprensa: Carla Santana (71) 99926-6898
Entrevista: Dr. Augusto Modesto -
Urologista, Mestre em Oncologia, Especialista em Oncologia e em Transplante
Renal, Diretor da Sociedade Brasileira de Urologia seção Bahia (SBU-BA). Integra os serviços de urologia nos Hospitais São Rafael (HSR) e Aristides Maltez (HAM), Centro Estadual de Oncologia da Bahia (CICAN) e Clínica Urológica da Bahia (CUB), em Salvador-BA.