Especialista incentiva doação de órgãos no estado
O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em número de transplantes renais por ano. Porém,
considerando as dimensões continentais do território, quando se analisa a quantidade de transplantes pelo viés da densidade populacional, o país aparece em 25ª posição, não sendo capaz de suprir sua demanda. Os dados relativos à Bahia favorecem os baianos,
embora ainda estejam longe do ideal. Segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde, só no primeiro semestre deste ano, foram realizados no estado 601 transplantes renais, número que representa um aumento de 13,39% comparado ao mesmo período de 2018.
Os números referentes a este segundo semestre ainda não foram divulgados, mas especialistas que atuam na área acreditam que houve crescimento.
“Só no Hospital São Rafael (HSR), acabamos de bater a marca histórica de 50 transplantes
renais este ano. Este incremento nos deixa muito satisfeitos, pois representa a vida sendo preservada”, comemorou o uro-oncologista Augusto Modesto, integrante da equipe de Urologia do Hospital São Rafael ( HSR) / Rede D’Or. Segundo o médico, o aumento no
número de transplantes renais no HSR revela a maior conscientização das pessoas acerca da importância da doação de órgãos, “um verdadeiro ato de amor”, frisou. Ele também atribui o recorde à gestão eficiente da rede e à integração e profissionalismo das equipes
de urologia, nefrologia e anestesia da unidade. Recentemente, o Hospital Ana Nery (HAN), maior centro de Transplante Renal do Estado, celebrou a marca de 100 transplantes renais em 2019.
Apesar de vibrar com esses resultados, Augusto Modesto, reconhece que o desafio em
relação ao incremento das doações de órgãos no Brasil é enorme. A população conhece pouco ou nada sobre o conceito e segurança do diagnóstico de morte encefálica e do processo de doação, o que faz com que, apesar do uso de critérios bastante rigorosos para
este diagnóstico, a principal causa da não conversão de doador potencial em doador efetivo, ainda seja a recusa familiar.
“Sem o consentimento da família de um doador falecido, nenhum órgão pode ser doado.
Este é um dos critérios básicos da doação. Por isso, é muito importante que as pessoas que desejam ser doadoras manifestem este desejo em vida e que a família, por sua vez, respeite esse desejo”, destacou o urologista.
O médico lembra que a legislação que regulamenta a doação de órgãos e transplantes
no país é recente e foi criada com quase 10 anos de atraso quando comparado com outros países que ocupam as primeiras posições nos sistemas de captação. Além disso, existe uma grande heterogeneidade na distribuição regional de centros de transplantes, com
cerca de 1/4 dos estados brasileiros com atividade mínima ou nula neste tipo de procedimento.
O transplante renal é uma opção de tratamento para os pacientes que sofrem de doença
renal crônica. No procedimento, o rim saudável de uma pessoa viva ou falecida é doado a um paciente portador de insuficiência renal crônica. Através de uma cirurgia, esse rim é implantado no paciente e passa a exercer as funções de filtração e eliminação de
líquidos e toxinas. Os rins originais do receptor , permanecem com ele, a menos que estejam causando infecção ou hipertensão. “O transplante renal é considerado a mais completa alternativa de substituição da função renal. Quem recebe o novo rim ganha a esperança
de uma nova vida”, declarou Augusto Modesto.