Arquiteto Márcio Barreto analisa fatores comportamentais em meio à crise.
A pandemia da COVID-19 fez a população mundial recolher-se em casa. Com grande impacto no comportamento global, as mudanças foram vistas nos mais diversos âmbitos, a exemplo da comunicação, consumo, economia e, é claro, arquitetura.
O fato é que o isolamento necessário, causado pelo surto do coronavírus, antecipou novos hábitos e potencializou condutas já percebidas por especialistas e futurólogos. O home office levou para dentro das casas a exigência de disciplina, rotina, organização e aproveitamento dos espaços, provocando um novo olhar do indivíduo sobre o lar e sobre os procedimentos.
Atento às mudanças mundiais, o arquiteto Márcio Barreto destaca a importância do olhar profissional sobre a “nova” arquitetura. “Vivemos um momento ímpar. O trabalho já é percebido sob outra perspectiva, as relações humanas passam por um distanciamento nunca antes visto e a arquitetura tornou-se ainda mais importante em seu aspecto funcional”.
Entre as grandes demandas do profissional contemporâneo, está o dever em valorizar as necessidades fundamentais do indivíduo e humanizar ainda mais os espaços coletivos. “Cabe desde já a nós, arquitetos e designers, olharmos empaticamente para a sociedade e percebermos o que é necessidade e o que é excesso. Detalhes antes imperceptíveis em nível de conforto e bem-estar passarão a ocupar um lugar de destaque nos projetos. Estar em casa nos mostrou que funcionalidade e comodidade devem estar alinhadas essencialmente em todos os projetos”, explica Márcio.
Numa relação comparativa entre pós-pandemia e pós-guerra, é possível afirmar que o mundo jamais será o mesmo, e que novos formatos e novos comportamentos serão fundamentais para que o profissional de arquitetura se estabeleça como figura importante deste cenário. “Posicionar-se socialmente, entender sobre classes e cultura, reconhecer as percepções coletivas e perceber a importância da sustentabilidade na arquitetura, são alguns dos principais pontos principais nessa nova jornada”, conclui o arquiteto.