Medo, insegurança e ansiedade abalam pacientes oncológicos em meio à segunda onda da pandemia de Covid-19 - Juci Ribeiro

Medo, insegurança e ansiedade abalam pacientes oncológicos em meio à segunda onda da pandemia de Covid-19

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 Campanha “Janeiro Branco” estimula promoção da saúde mental também para este grupo de risco


Se o risco de infecção pelo novo coronavírus (covid-19) já preocupa quem não faz parte do grupo de risco da doença, o que dizer dos pacientes oncológicos neste momento em que os números de casos não param de crescer? Além de sentimentos como medo, ansiedade e insegurança, que abalam a saúde mental de quem já teve ou luta atualmente contra um câncer, a possibilidade ou necessidade de interrupção do tratamento preocupa muita gente. Tristeza profunda, depressão e estresse, inclusive por questões financeiras, são consequências do isolamento social mais radical. Diante de tudo isso, a campanha “Janeiro Branco”, de promoção da saúde mental, traz à tona medidas que melhorem a qualidade de vida e o bem estar dos pacientes oncológicos enquanto durar a pandemia.


De acordo com a oncologista clínica Renata Cangussu, integrante do grupo “Mulheres na Oncologia”, o impacto emocional que ocorre no paciente após o diagnóstico de câncer é uma realidade, independentemente do contexto de pandemia. “Imagine como esses sentimentos se intensificam no cenário atual, pelo fato do risco maior desses pacientes contraírem a forma grave da doença! O medo de adoecer, que está presente em toda  população, é ainda maior em pacientes que estão vivenciando o câncer”, afirmou. Outras inseguranças, como a possibilidade de interrupção do tratamento e suas consequências, também acabam trazendo muita angústia aos pacientes oncológicos. Somado a isso tudo, há o reflexo do isolamento social, que gera universalmente momentos de tristeza, solidão e, muitas vezes, depressão.


“Em meio a todo esse contexto crítico, muitos dos nossos pacientes sofrem, ainda, com repercussões financeiras diante da pandemia. Por desemprego ou redução de renda, alguns ficam super abalados diante da possibilidade de perder o seu acesso ao sistema de saúde, com prejuízos ao tratamento em curso. Por perderem a condição de pagar a mensalidade do plano de saúde, muitos ficam arrasados”, contou Renata Cangussu. Diante deste cenário, as médicas do grupo “Mulheres na Oncologia” reforçam a necessidade das pessoas que já tiveram o diagnóstico de câncer um dia cuidarem, especialmente, da saúde mental. “A campanha Janeiro Branco, em curso, é uma excelente oportunidade de valorização deste cuidado tão essencial”, declarou a oncologista.


Entre as recomendações das “Mulheres na Oncologia” para seus pacientes neste momento destacam-se a prática de exercícios físicos regulares, meditação, yoga e outras atividades que proporcionem bem estar. Durante a primeira onda da pandemia, falou-se muito em como ocupar o tempo de forma produtiva durante o isolamento social, aproveitando para aprender novas habilidades e agregar novos conhecimentos. Segundo Renata Cangussu, “todas aquelas dicas continuam válidas para este momento. O paciente oncológico não pode gastar seu tempo precioso só pensando na ameaça da pandemia. É preciso otimizar o tempo, alimentar a esperança e reforçar a imunidade, o que inclui a adoção de hábitos alimentares saudáveis e a exposição ao sol por 20 minutos diariamente”, frisou a oncologista. 


Sobre o grupo - “Mulheres na Oncologia” é formado por três médicas que atuam juntas na luta contra o câncer em Salvador. Entre os objetivos do grupo, destacam-se  ampliar o acesso das pessoas a serviços de saúde de qualidade, combater as diferenças de oportunidades no trabalho de médicas decorrentes do gênero e colaborar para o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. Além da oncologista Renata Cangussu, compõem o trio a rádio-oncologista Elisângela Carvalho e a oncologista clínica Samira Mascarenhas.


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