Cada alimento tem uma história, mas quando se trata da culinária afro-brasileira, todas elas se cruzam transformando a Bahia em um ponto de encontro de muito dendê, sabor, resistência e ancestralidade. Neste cenário, a 2ª edição do Ebó de Boca, nos dias 07 e 14 de novembro, em encontros digitais gratuitos, reunirá grandes chefs e pesquisadores negros para ressignificar a história da cozinha regional e nacional, em dialógos potentes.
O evento online realizado pela afro-chef baiana, Yalodè da Kissanga, e pesquisadora social, Paloma Zahir, traz nesta edição temáticas, como: Academia e Decolonialidade, abordado pelo gastrólogo Ronaldo Assis e Cozinha Quilombola, debatido pela cozinheira pesquisadora, Aline Guedes.
Criado com o propósito de fortalecer a cultura dos povos negros e resgatar o legado e técnicas das pretas de ganho (ou ganhadeiras), o Ebó de Boca surgiu após Paloma perceber a dificuldade de acesso a conteúdos relacionados a afro-brasilidades e cozinha preta, em espaços acadêmicos.
“A importância do Ebó de Boca é fazer um exercício de consciência entre as pessoas que trabalham com cozinha, principalmente, pessoas pretas, com o objetivo de que elas entendam a importância desse movimento e comecem a olhar para a cozinha através de uma percepção decolonial, já que os cursos e as faculdades são sempre com base eurocêntrica. Então, o intuito é fazer com que as pessoas pensem as potencialidades das cozinhas brasileiras, como por exemplo: a cozinha do Recôncavo, Sudeste e cozinha nordestina”, explicou, Paloma.
Sobre o Ebó de Boca
O Ebó de Boca nasce a partir da inspiração da potência de uma das faces de Esú: Enugbarijó, a boca coletiva dos orixás ou a boca do universo. Aquele que come e depois regurgita de forma transformada.
Trazendo pensadores críticos negros para repensar as cozinhas brasileiras, o objetivo do projeto é informar e provocar a consciência sobre culinária e seus travessamentos, através de uma perspectiva decolonial - contraposição da ‘colonialidade’. O projeto liderado pela Afro Chef e pesquisadora, Paloma Zahir, iniciou sua primeira edição em Novembro de 2021, marcando o mês dedicado às pessoas negras com grandes nomes do cenário pensante da gastronomia, como: Luís Rufino, Lourenço Alves, Rute Costa, Taís Machado e Bruna Crioula.
Sobre Paloma Zahir
Paloma Zahir, mulher preta, cria do Curuzu, produtora de eventos, pesquisadora e Afro Chef à frente do Restaurante de Cozinha Afro Brasileira Kissanga, além de trabalhar com a valorização da culinária africana, quilombola, brasileira e de terreiro, fortalece o seu protagonismo no ramo dos negócios atravessando diversas problemáticas sociais, entre elas, o racismo estrutural. Sua atuação a levou para trabalhar com grandes empresas e instituições, entre elas: Cervejaria Bohemia e Prefeitura Municipal de Salvador, através do evento Salvador Capital Afro.
Tendo a mãe quando criança como fonte de inspiração, Paloma encontrava na cozinha uma forma de ajudá-la com as encomendas. Por sua vez, gostou da ocupação e se profissionalizou e, aos 20 anos, teve a sua primeira experiência no ramo de empreendimento de alimentos. Passando por diversas áreas da gastronomia, em 2020, Zahir decidiu se aprofundar como pesquisadora da cozinha ancestral e realizar movimentos de conscientização e valorização da cultura preta no cenário regional.
Serviço:
Projeto Ebó de Boca
Quando: Nos dias 07 e 14 de novembro, das 19h30 às 20h30.
Como: Se inscreva no link abaixo para obter mais informações sobre os eventos.
Onde: https://www.sympla.com.br/ebo-de-boca__1778291
Ebó de Boca - online. Confira eventos e cursos online na Sympla! www.sympla.com.br |
No dia 07 de novembro, Ronaldo Assis aborda a temática Academia e Decolonialidade e, no dia 14 de novembro, Aline Guedes debate sobre Cozinha Quilombola. Foto : Walas