Por Juci Ribeiro
Exposição Trans
Laerte,
Composta de cartuns, tirinhas
e charges, a mostra interativa,
com entrada gratuita, propõe
uma inserção no provocador
universo da artista
A inédita exposição de artes visuais
Trans Laerte, que apresenta a obra
da cartunista Laerte Coutinho,
entra em cartaz no próximo dia 13
de dezembro e segue até 23 de
fevereiro de 2025, no Museu de
Arte Contemporânea da Bahia
MAC, em Salvador. São cartuns,
tirinhas charges, em histórias de
páginas únicas ou mais extensas,
produzidos ao longo de mais de
cinco décadas de trabalho de uma
das cartunistas e chargistas mais
importantes do Brasil. A mostra
acontece de terça a domingo, das
10h às 20h, e tem entrada gratuita,
sendo que a sua inauguração oficial
Ocorrerá no dia 12 de dezembro, às
19h, também aberta ao público. O
projeto foi contemplado pelo Edital
Funarte das Artes 2023 - Artes
Visuais Marcantonio Vilaçae conta
Com realização da Somos
Comunicação e da Via Press
Comunicação.
Na exposição, o humor gráfico e a
qualidade narrativa da obra de
Laerte são colocados em evidência
por meio de três facetas principais
personalidade da artista:
TRANSformadora, TRANSgressora e
TRANSmidiática. Por seu caráter
provocativo, atual e interativo,
Trans Laerte tem o objetivo de
propor aos visitantes uma reflexão
sobre as principais pautas
trabalhadas por Laerte durante a
Sua carreira. Uma imersão
multissensorial na criatividade
fascinante da cartunista e na forma
original que ela utilizou para
retratar o Brasil e o mundo. A
mostra, que já passou por Brasilia e
Curitiba, oferece recortes de
diversas fases da intensa produção
de Laerte, desde a revista amadora
Balão da qual foi uma das
fundadoras, no início da década de
1970 até as suas histórias mais
recentes.
Quem assina a curadoria é Nobu
Chinen, pesquisador e cientista do
universo das histórias em
quadrinhos, além de escritor de
livros e artigos sobre a trajetória
desse gênero narrativo no Brasil.
Chinen usa como eixo cultural a
construção de um diálogo entre a
obra de Laerte e as questões
políticas, econômicas e sociais que
têm marcado os cenários nacionale
internacional. "É uma oportunidade
rara de conhecer, rever e apreciar o
talento dessa artista genial. De se
inquietar Com Sua aguçada
inteligência e sensibilidade e de se
divertir com seu estilo de humor e
aliás, nem sempre fina",
curador. Ainda na
avaliação dele, que também é
membro do Observatório de
Histórias em Quadrinhos, "ninguém
chegará à porta de saída da mesma
maneira que entrou na exposição,
pois algo da desafiadora e corajosa
Laerte irá junto".
A arquiteta Ana Kalil, responsável
pelo projeto expográfico, teve o
desafio de condensar cerca de 400
trabalhos da cartunista. Para ela,
"pensar em uma exposição sobre
Laerte foi inquietante. Como trazer
esse espírito revolucionário e livre
para uma exposição? Como fazer
com que os personagens"pulem"
das histórias? Tudo foi feito com
muito cuidado e alguma ousadia".
Entre esses trabalhos selecionados
estão também os que se valem de
um teor mais filosófico
abordagem da existência humana,
uma vez que, a partir de 2005,
Laerte abandonou a fórmula de
humor com personagens fixos e
passou a usar seu espaço no jornal
Folha de São Paulo com questões
sobre política, poder e relações
interpessoais de modo geral.
na
Mais sobre a artista Laerte
Coutinho:
Mais sobre a artista Laerte
Coutinho:
Cartunista, ilustradora e roteirista.
Ingressa no curso de jornalismo da
Universidade de São Paulo
(ECA/USP), em 1969. No ano
seguinte, inicia a graduação em
música na mesma instituição.
Durante a universidade, cria, com o
cartunista Luiz Gê (1951), a revista
experimental Balão (1972). Em
1973, Laerte vence o 1° Salão de
Humor de Piracicaba com um
cartum que marca o início de seu
engajamento político. Ainda na
década de 70, colaborou com o
jornal Gazeta Mercantil e passou a
atuar ativamente na imprensa
sindical. No final dos anos 1980,
participa das revistas Chiclete com
Banana, editada pelo cartunista
Angeli (1956), e Geraldão, editada
pelo cartunista Glauco (1957-2010);
e cria, com Luiz Gê, a revista Circo.
Colabora
importantes
Com
periódicos
Pasquim,
COmo
Revista Ovelha Negra, Placar,
Mercantil, Correio
Gazeta
Braziliense, Zero Hora e Tribuna de
Vitória. Em 1988, Laerte recebe
prêmio como Melhor Roteirista
Nacional no 1° HQ Mix e é uma das
cartunistas mais premiadas nas
artes gráficas brasileiras. Na década
de 1990, atua como roteirista na
Rede Globo, em programas como
TV Pirata e Sai de Baixo. Em 1991,
passa a colaborar semanalmente
para a Folha de São Paulo. Em 1993,
cria o personagem Hugo Baracchini,
seu alter ego, como integrante dos
Piratas do Tietê que, três anos mais
tarde, estreia individualmente no
caderno de Informática da Folha de São Paulo. Em 2004, inicia um
processo de reflexão sobre sua
identidade
de gênero, que
transforma
profundamente
sua
mais
produção, tornando-a
engajada em questões de direitos
humanos, gêneroe sexualidade. Em
2009, assume sua transgeneridade
e vincula-se
movimentos
dedicados ao debate sobre o tema.
Em 2012, junto com a advogada
Márcia Rocha, a atriz Maitê
Schneider e a psicanalista Letícia
Lanz, funda a Associação Brasileira
de Transgêneros (Abrat).
*Mais sobre o curador Nobu*
professor
Publicitário
e
universitário. Redator com ampla
atuação em comunicação
corporativa. Doutor em Ciências da
Comunicação pela ECA-USP.
Pesquisador de histórias
em
quadrinhos.
Membro
do
Observatório de Histórias
em
Quadrinhos da ECA-USP
comissão organizadora do Troféu
HQMIX. Instrutor de Oficinas de
Quadrinhos para a Coordenadoria
de Programação das Bibliotecas
Municipais de São Paulo e de cursos
de formação para docentes das DRE
Penha e São Mateus, da Secretaria
de Educação do Município de São
Paulo. Autor e coautor de livros
sobre quadrinhos, de design e de
comunicação. Coorganizador das
Jornadas Internacionais de Histórias
em Quadrinhos, na ECA-USP, e das
Jornadas Temáticas de Histórias em
Quadrinhos, na Unifesp, campuS
da
pela
Guarulhos. Responsável pela
redação
criação,
e
acompanhamento gráfico de uma
página semanal sobre histórias em
quadrinhos,
jornal
Valeparaibano, pioneira em seu
gênero no Brasil. Colaborou como
site Universo HQ. Em 2013,
apresentou a tese de doutorado "O
papel do negro e o negro no papel:
representação e representatividade
no afrodescendentes
dos
nos
quadrinhos brasileiros".
Serviço Exposição Trans Laerte:
Dias: 13 de dezembro de 2024 a 23
de fevereiro de 2025 [de terça a
domingo]l
Horários: das 10h às 20h
Data de abertura: 12 de dezembro
de 2024, às 19h
Local: Museu de Arte
Contemporânea da Bahia - MAC
[Rua da Graça, 284, Graça]
Entrada: gratuita
Classificação indicativa: livre